Do meme ao ódio: novo estudo do Observatório de Racismo nas Redes - Edição #2
Olá!
Sejam bem-vindos à edição de abril da Alafiou, a newsletter do Aláfia Lab. E esse é um mês especial porque completamos três anos de atuação! Ao longo desse tempo, encaramos o desafio de consolidar uma organização civil de base científica fora dos grandes centros do Brasil. Produzimos pesquisa como uma forma de subsidiar mais e melhores tomadas de decisão, com foco na análise do impacto das transformações digitais na vida das pessoas.
Nesses três anos acompanhamos discussões importantes do campo digital, vimos avanços e retrocessos no país e ao redor do mundo. Contribuímos com pautas importantes no poder público e na sociedade civil e trabalhamos em rede, fortalecendo nossa atuação e de nossos parceiros. Chegamos nessa marca orgulhosos do percurso e cientes dos desafios que precisamos enfrentar para garantir um futuro digital justo e igualitário.
Nesta edição, destacamos a nossa atuação neste mês em todas as nossas áreas: pesquisa, compartilhamento de conhecimento, mídia e advocacy.
Boa leitura!
📊 Pesquisas
Em abril, lançamos o estudo “Do meme ao ódio: como o racismo se manifesta nas plataformas digitais”, em parceria com o Laboratório de Humanidades Digitais da UFBA (LABHDUFBA). Neste estudo, buscamos compreender os padrões e estratégias discursivas em torno do racismo online no Instagram e no Telegram. A proposta foi comparar as diferenças e semelhanças entre redes de superfície e subterrâneas, analisando de forma detalhada as características dessas publicações.
Investigamos como os discursos racistas muitas vezes se disfarçam de “piadas” e “brincadeiras”, numa tentativa de normalizar a violência e evitar responsabilizações. Discutimos também as estratégias por trás dessas postagens, como aquelas que visam desumanizar e desqualificar pessoas negras em suas mais variadas dimensões.
Este estudo faz parte do projeto Observatório de Racismo nas Redes, que em 2025 completa três anos. O projeto vem acompanhando de perto os casos de racismo que se espalham pelas redes sociais, com o objetivo de identificar, analisar e compreender as principais características do racismo nos ambientes digitais.
Institucional
Acreditamos que trabalhar em rede potencializa o nosso trabalho. Neste período tivemos a oportunidade de atuar proximamente com organizações e pessoas parceiras. No fim de março, estivemos em Brasília para participar de uma série de eventos para o fortalecimento da integridade da informação climática. O co-diretor executivo, Rodrigo Carreiro, a coordenadora de comunicação estratégica e inovação, Liz Nóbrega e a pesquisadora Vivian Peron, participaram das atividades do Summit Integridade da Informação Climática, organizado pela FALA - estudio de impacto, pelo Climate Action Against Disinformation (CAAD) e a Conscious Advertising Network (CAN).
Na mesma semana, marcamos presença no lançamento do Capítulo Brasil, a iniciativa do governo federal para criação de uma rede de organizações da sociedade civil e da academia que buscam fortalecer o debate público sobre a crise ambiental atual. Na oportunidade, participamos de oficinas para estruturar as ações da rede e debater temas relevantes como o intercâmbio de pesquisas sobre o tema, sustentabilidade do jornalismo, comunicação estratégica e ações de responsabilização.

Já em abril, a co-diretora executiva Maria Paula Almada integrou a comitiva brasileira que participou do Skoll World Forum 2025, em Oxford, no Reino Unido. Organizado pela Skoll Foundation, o evento é um dos maiores encontros de filantropia do mundo, reunindo lideranças de diversos países para a construção e o fortalecimento de redes de transformação e impacto social.

🗞️ Aláfia na mídia
Artigo publicado no Observatório da Imprensa comentando os achados do relatório “Abaixo do radar”. O estudo buscou identificar a desinformação que circulou no WhatsApp e no Telegram durante as eleições do ano passado. 40% dos links sobre o Supremo Tribunal Federal compartilhados nos grupos de extrema direita no WhatsApp, por exemplo, apresentaram desinformação.
A coordenadora de comunicação estratégica e inovação, Liz Nóbrega, foi uma das entrevistadas do podcast “O assunto é” do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte. Episódio abordou o tema da desinformação e dos golpes online.
O relatório “Do meme ao ódio”, produzido pelo Aláfia Lab em parceria com o LABHDUFBA, foi capa do jornal baiano A Tarde. O veículo destacou o uso de memes e gifs para driblar a moderação de conteúdo nas redes.
O relatório Global Coalition for Tech Justice sobre o megaciclo eleitoral de 2024 reuniu estudos e monitoramentos de organizações de países como Brasil, Indonésia e Índia. O estudo concluiu que, durante o megaciclo eleitoral de 2024, as plataformas digitais geraram riscos à integridade eleitoral de diferentes países sem conseguir mitigá-los em nenhuma região do globo. Um dos destaques levantados pelo documento foram os resultados do Observatório IA nas Eleições, projeto desenvolvido pelo desinformante, Aláfia Lab e Data Privacy Brasil que mapeou o uso de Inteligência Artificial generativa pelos candidatos e pelo eleitorado.
🕵️ *desinformante
Trends com Inteligência Artificial, desinformação climática e o impacto das informações falsas em áreas periféricas foram assuntos no *desinformante no último mês. Selecionamos alguns dos principais conteúdos que produzimos recentemente:
Trend do Studio Ghibli ignora direitos autorais e expõe necessidade de educação midiática Leia aqui
Relatório mostra como a desinformação afeta a vida nas periferias Leia aqui
Desinformação mobiliza atos bolsonaristas pró-anistia Leia aqui
Alagoas cria primeiro Núcleo de Integridade da Informação do país Leia aqui
📕 Vale a leitura
Uma nova ordem global nas políticas digitais? Neste artigo, Francisco Brito Cruz e Danyelle Reis Carvalho analisam como empresas como Meta e X estão se afastando de esforços anteriores de moderação de conteúdo e engajamento multissetorial, adotando uma postura mais alinhada a um “primeiro-emendismo radical” influenciado pela política americana, especialmente com a ascensão de Trump.
O estudo O Brasil que o Brasil quer ser, solicitado pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), apresenta as aspirações da população brasileira em relação ao futuro do país. Contando com a participação de mais de 3 mil pessoas, entre elas líderes de diferentes áreas, o estudo foi elaborado com o propósito de contribuir com subsídios para a construção de uma agenda integrada, com foco especial no protagonismo do Brasil durante a COP 30.
No artigo AI Regulation Versus AI Innovation: A Fake Dichotomy, os autores Fernando Filgueiras, Ricardo Fabrino Mendonça e Virgílio Almeida destacam como as big techs, em aliança com o governo dos EUA, promovem uma agenda de desregulamentação sob o pretexto de fomentar a inovação.
O artigo Latin America: Researcher access to platform data, challenges to academic freedom and transparency, das pesquisadoras Iná Josh e Clarice Tavares, mapeia os principais obstáculos e riscos enfrentados por pesquisadores latino-americanos que desenvolvem estudos em plataformas digitais. Entre os desafios estão as mudanças e restrições no acesso às APIs de diferentes plataformas, que levaram à descontinuidade ou comprometimento de diversos projetos de pesquisa. Embora algumas dessas políticas impactem pesquisadores em escala global, os efeitos são mais intensos e preocupantes nos países do Sul Global, onde geralmente não há alternativas viáveis além das APIs fornecidas pelas próprias plataformas.
Até a próxima edição,
Equipe Aláfia Lab.